Há muitas maneiras de ver e abordar este tema. Podemos pensar nele de forma interna, nacional e internacional.
O futebol é um mundo cada vez mais complexo e cada vez mais a par da complexidade do Mundo.
No futebol temos campeonatos com diferentes calendários, com diferentes moldes e até dentro da UEFA temos janelas de transferências diferentes. No futebol temos equipas holandesas que alimentam e se alimentam da formação, temos equipas portuguesas, que funcionam como rampa de lançamento para toda a Europa, sendo um óptimo palco para o primeiro verdadeiro teste e temos equipas inglesas, que apesar de também apostarem na formação, são talvez as equipas mais heterogéneas com qualidade.
No futebol temos provas, como as europeias, que têm regras para proteger os jogadores das nacionalidades dos clubes que se fazem representar, temos ligas, como a italiana, que tem uma forte barreira aos jogadores extra comunitários e temos equipas, como o Athletic Club de Bilbao, clube basco onde só podem jogar bascos ou descendentes deles.
A nível interno poderíamos resolver de uma vez por todas esta temática dos "estrangeiros" e criar nos nossos estatutos um artigo que obrigasse o Clube a usar jogadores de Vila do Conde na sua formação. Eu sou a favor disto, mas por muito que gostasse de uma ideia à Bilbao temos que entender que Bilbao pode não ser uma cidade grande (sendo provavelmente maior que Vila do Conde), mas que o País Basco corresponderá cerca de dois distritos portugueses.
Assim sendo diria que sou a favor de uma obrigação entre 3 a 5 jogadores do concelho. Não sou contra os "estrangeiros", pois penso que são importantes para proporcionar uma base forte para todos os jogadores, incluindo os da "casa" possam jogar entre os melhores. E quais são os clubes em Portugal que estão onde estamos e formam mais jogadores da terra que nós? (neste momento parece que andamos a formar uns para os outros e a viver das rejeições dos grandes)
A nível nacional parece-me que também poderia haver uma reflexão acerca deste tema, mas nível nacional as preocupações são sempre mais ligadas à protecção dos portugueses em relação aos verdadeiros estrangeiros e isso é um tema que não afecta, até agora, o nosso país.
Os clubes quanto mais pequenos, mais dificuldades têm em segurar os seus jogadores, não seria difícil para Porto, Sporting e Benfica ter bons jogadores do Porto e de Lisboa, se bem que muitos dos seus jogadores são apenas dos distritos. Leis nacionais que obrigassem os clubes a cumprir a solução que acima propus seriam interessantes para nivelar os clubes e que até poderia ser interessante a longo, muito longo prazo.
Contudo a ideia que mais me mói a cabeça é a exorbitância que os clubes têm que pagar de direitos de formação quando querem dar uma oportunidade aos jogadores. Este foram os valores que encontrei aqui à tempos.
Se por um lado não é justo um clube com posses "roubar" um jogador na fase final da formação e não pagar a quem o formou, também não será justo um clube com dificuldades económicas ter que pagar a outro clube que não apostou no jogador (principalmente para o jogador) - É a pescadinha de rabo na boca - Estas comissões deviam ser revistas e ajustadas às indicações da FIFA que nos atribuem no máximo categoria 2. Penso também que deveriam ser aplicadas em transferências e nunca no primeiro contrato.
A nível internacional a FIFA poderia lançar também normas e até leis que obrigassem os clubes a apostar na sua "casa" tanto na formação como na equipa principal. Se os clubes tivessem que jogar com clubes da terra teriam todo os interesse em forma-los. A nível nacional isso também deveria ser pensado pois na selecção já se sente um buraco (gerações de onde não saíram jogadores), que penso que começará a ser tapado no futuro próximo, mas é um aviso à navegação. Se não fossem as equipas B os nossos jovens neste momento não jogariam em lado nenhum.
Já agora, uma boa formação portuguesa daria ou jogadores mais talentosos ou encaixes financeiros com a venda desses jogadores, o que poderia projectar os clubes portugueses no estrangeiro.
O que é evidente é que é mais simples um clube tomar uma decisão deste género do que o mundo inteiro, mas é também verdade que é muito mais fácil mudar as coisas se começarmos por cima. Dizer agora que as equipas portuguesas tinham que ter 5 portugueses a titulares seria lançar uma guerra em que os principais prejudicados seriam os clubes mais influentes em Portugal (não iria longe a menos que fossem todos contra eles e só o facto de esses clubes terem jogadores para emprestar e comprar inibe muita gente). Se fosse a FIFA ou a UEFA iria haver também muita critica, mas muita mais resignação.
Sem comentários:
Enviar um comentário